Como Dora & Diego podem ser seus parceiros de trabalho na estimulação da linguagem de seu filho(a) autista.


Dora e Diego são dois primos que dançam, cantam e salvam os animais. Cada um tem o seu próprio desenho animado mas, às vezes, compartilham da mesma aventura. No original, Dora e Diego falam inglês e espanhol. Exibido aqui pelo canal Nickelodeon, eles falam inglês e português.
Os dois desenhos têm o mesmo formato, mas das crianças autistas com quem trabalhei no último semestre, todas elas, ou seja, 100% delas eram loucas por Dora. E se analisarmos a estrutura da estória, vamos encontrar os motivos pelos quais essa fascinação é possível.
Dora começa cumprimentando seus telespectadores e interage com eles. Mas como as crianças autistas podem gostar do desenho se interação social é um dos maiores déficits da síndrome? Acontece que toda vez que Dora faz a pergunta, aparece uma dica visual, uma seta que pisca ao mesmo tempo em que o som do clique de um mouse é ouvido. A criança é forçada a se guiar pela seta e achar a resposta. Essa é a dica que chama a atenção do nosso telespectador.
Quando Dora e Boots (Botas, em português), seu macaquinho, têm dificuldade de achar o caminho a seguir eles chamam pelo Map (Mapa) que tem uma música para sua apresentação tocada em todos os episódios. O Mapa repete o itinerário cinco vezes. Para chegar no seu destino final, o mapa mostra três obstáculos que são iluminados a medida em que são nomeados. Essa parte do espisódio é bastante visual e é feita da mesma maneira todas as vezes.
Por três vezes na estória, Dora precisa da ajuda dos telespectadores e sempre dá uma dica verbal “Say...”( “Diga...”) que é muito comum nas sessões de terapia de ABA.
Outro personagem que aparece uma vez no episódio com 5 itens para ajudar Dora na sua aventura e a Backpack (mochila). Os objetos aparecem em volta da mochila e esta pede ajuda dos telespectadores para decidir qual objeto vai ser mais útil para Dora. A seta aparece mais uma vez com o som do clique do mouse para auxiliar os telespectadores a saber o que vai ajudar Dora.
O desenho é interessante porque convida as crianças a participar e a interagir. As crianças são obrigadas a prestar atenção em todo episódio. Tem uma música curta e cheia de repetição e bastante detalhes.
Se sua criança também gosta de Dora, existem várias maneiras que você trabalhar suas aventuras. Você, pai ou terapêuta, pode trabalhar o desenho animado nomeando os bichinhos que aparecem, simplesmente ir falando as coisas que vão aparecendo para aumentar o vocabulário, ou até mesmo trabalhar a atenção conjunta com frases: “Olhe! Estou vendo...” e encourajar a criança a dizer uma frase de volta a você do mesmo jeito “Olhe! Estou vendo...” para trabalhar discretamente a reciprocidade de uma conversa. Você pode trabalhar imitação quando Dora e seus amigos estiverem cantando. E ainda pode usar da tela do seu televisor para mostrar objetos e apontar para a TV.
Usar os desenhos para aprimorar a linguagem de seu filho autista e estimular a comunicação é uma ótima idéia. Todas as ajudas podem ser depois retiradas para que seu filho (a) participe das interações com você de forma mais independente. Transforme a televisão num parceiro de trabalho e aproveite!!!

As vantagens das Oficinas Pedagógicas para os adolescentes com deficiência



Aquela criança com deficiência cresceu. Ele já não mais acompanha com sucesso a escola. Os adolescentes do bairro não o convidam para as atividades sociais da idade como ir ao cinema, jogar bola na praça ou apenas conversar na porta de casa. Esse é o dilema de muitos pais. Mas o que fazer com esses adolescentes? Um espaço de aprendizagem como uma Oficina Pedagógica pode ser a solução.
Nesse espaço composto por jovens, em pequenos grupos, desenvolvem-se projetos de leitura, atividades da vida real e tarefas profissionalizantes como bijouterias, tricô, carpintaria ou corte e costura, por exemplo.
O planejamento das aulas deve ter um objetivo imediato e um a longo prazo, mas a interação entre os colegas deve ser sempre incentivada. A promoção do bate-papo eleva a auto-estima dos alunos, valoriza suas opiniões, tornando-os mais confiantes..
É importante ressaltar que o trabalho do aluno numa oficina, apesar de compartilhar de um ambiente coletivo, é individualizado. Já que uma vez interagindo nas atividades, o professor vai percebendo a melhor maneira de trocar informações, respeitando o conhecimento prévio do aluno.
Citando Ariella Medeiros (http://inclusaobrasil.blogspot.com), “as oficinas pedagógicas representam, assim, um espaço concreto e funcional do aprender humano, mas, sobretudo, do emancipar-se da construção de projetos de vida”.
A troca de vivência dos alunos propicia discussões e promove amizades, tornando o dia-a-dia deste aluno produtivo e prazeiroso.

Juntando as peças - como o quebra - cabeças pode ajudar na inclusão de seu aluno autista




O quebra-cabeça é um brinquedo que pode assustar pelo nome mas, na verdade, ajuda a criança em diversas áreas do desenvolvimento.
Crianças com necessidades educacionais especiais precisam de atividades interessantes para aprender conceitos abstratos como matemática, geometria ou gramática. Porque não transformar o quebra cabeça num parceiro de trabalho?
O professor deve primeiro observar seu aluno para saber que personagem de estória ou desenhos animados ele gosta ou que tema lhe interessa. Depois deve procurar na internet ou em revistas esse personagem (ou tema) e recortá-lo em diversas partes formando diversos quebra-cabeças.
De acordo com Silvia Zatz et alli “montar um quebra-cabeça é uma atividade intelectual que estimula a concentração, a observação e a persistência (...) São apresentados em diversas versões e diferentes, desde os modelos mais simples de 2 ou 4 peças, para crianças bem pequenas, até aqueles que desejam centenas ou milhares de peças. É interessante propôr um desafio crescente para a criança sem forçá-la”1
Existem vários tipos de quebra-cabeças. Os de formato no fundo ajudam na discriminação visual da criança. Os que têm o pegador por cima das figuras favorece o movimento de pinçar, estimulando a coordenação motora fina.
O quebra-cabeça com várias peças e que não tem uma forma definida para as figuras é mais difícil, portanto deve se começar com poucas peças, duas por exemplo. Depois, gradativamente, aumenta-se o número de peças. Mas esse brinquedo tão antigo não serve só para isso!.
Como a atividade de montar as peças requer concentração, a criança fica mais atenta a detalhes e, com isso, aprende a virar a posição das peças para juntá-las. O brinquedo ajuda o autista a associar uma peça a um todo e vice e versa. É difícil no início mas a criança vai lidar com a frustração sabendo que se uma peça não servir naquele canto, pode encaixar em outro.
Ficar sentado numa cadeira com a devida postura fazendo uma tarefa que requer concentração é muito complicado para um autista. Mas como a memória visual destas crianças é forte, o quebra-cabeça pode se tornar um ótimo passatempo.
Crianças com problemas de comportamento em sala podem se beneficiar deste antigo brinquedo. O professor pode colocar duplas de alunos trabalhando num quebra-cabeça , esperando a vez, dividindo não só o mesmo espaço mas também o mesmo brinquedo.
Faça seu quebra-cabeças
Você pode pegar uma caixa de cereal e colocar uma figura grande em cada superfície caixa e fazer, assim, quatro quebra-cabeças diferentes.
Você pode usar caixas de pasta de dente e fazer o mesmo com maior número de caixas. Além da criança manusear objetos grandes, você pode colocar figuras de personagens que motivem seus alunos.
Você pode fazer ainda uma matriz com esboços das peças e, numa atividade de colagem, o aluno pode procurar figuras numa revista e colocá-las na matriz e recortá-las. De repente, você vai ter uma caixa cheia de diferentes quebra-cabeças.

Quebra-cabeças como atividade social

O quebra-cabeça é uma atividade tão interessante que pode ser realizada em grupo ou individualmente. E as duas opções podem beneficiar o seu aluno autista.
É uma atividade tão importante para o desenvolvimento da criança que, no ABBLS (The Assessment of Basic Language and Learning Skills), existe uma sessão só para ele. Primeiro a criança começa aprendendo a fazer o quebra-cabeça simples, depois com peças que se conectam. Após conectar peças com eixos quadrados, vem os quebra-cabeças com peças justapostas e, finalmente, um quebra-cabeças com várias peças sem pistas (moldura ou desenhos).
Para um aluno com desvio de comportamento que tem dificuldade de dividir brinquedos e esperar a vez, o quebra-cabeça pode ser um ótimo aliado do professor. Monte um quebra-cabeça que seja diferente (uma colagem feita pelos próprios alunos, quem sabe…) e peça para que as crianças trabalhem em duplas. Fique perto das duplas que você já sabe, por experiência, que podem ter algum problema. Interfira quando o aluno não estiver sabendo esperar a vez ou esteja a ponto de brigar por uma peça. Elogie cada tentativa por cooperação. Faça elogios sinceros e diretos: “Como vocês estão brincando tão bem!” ou “Estou adorando o modo como vocês dois estão dividindo o brinquedo”.
Se for necessário, escreva num papel as palavras: “MINHA VEZ”, “SUA VEZ” e mostre o cartão para o aluno para sinalizar a troca da vez e ajudá-lo a esperar a hora de jogar. Se a atividade for feita de forma sistemática, digamos duas vezes por semana, aos poucos, eles vão aplicar o que aprenderam em outros jogos, generalizando a idéia.
Para alunos que são muito dependentes de pais ou professoras, fazer um quebra-cabeça ajuda na auto-confiança da criança e na sua independência, já que ela pode sentar num cantinho e realizar um quebra cabeça enquanto a mãe está conversando no telefone ou a professora está atendendo a um outro aluno.
Para as crianças que gostam de ter sempre a atenção de um adulto, vale separar um quebra cabeça simples de 9 ou 12 peças e mantê-lo numa caixa de sapato que tenha a figura do quebra cabeça na tampa. Ponha a caixa num lugar acessível à criança. Ensine a ela um comando do tipo “Faça suas atividades” ou “Vá brincar”. A criança vai até a prateleira, derruba a caixa com as peças, monta o brinquedo e depois coloca as peças de volta na caixa. Elogie o esforço. Para uma criança com transtorno do deficit de atenção, por exemplo, esse é um momento importante onde ela realiza uma atividade que tem princípio e fim. O quebra-cabeça reduz a ansiedade já que é uma atividade completa onde as peças se completam e formam uma figura no final.
De acordo com Shayna Guenther, psicóloga com mestrado em ABA e há mais de 10 anos trabalhando com autistas no Canadá, acredita que “o quebra-cabeças traz previsibilidade, trabalha o cérebro e não requer linguagem ou interação social para realizá-la, talvez, por isso, seja tão popular entre essas crianças”.

A história do quebra-cabeças

O primeiro quebra-cabeça foi produzido por volta de 1760 por John Spilsbury, um gravador e confeccionador de mapas. O produto final tornou-se um passatempo educacional para ensinar geografia às crianças britânicas. A idéia serviu e, até por volta de 1820, os quebra-cabeças tinham somente fins educacionais.
A era de ouro desse brinquedo foi entre 1920 e 1930 com as grandes indústrias como Chad Valley e Victoria da Inglaterra e outras dos Estados Unidos produzindo uma variedade grande de quebra-cabeças como cenas sentimentais ou de ferrovias.
Mas durante a Depressão nos Estados Unidos, no auge de setembro de 1932, os Estados Unidos produziram 12.000 desses brinquedos. Logo depois as vendas cresceram de 100.000 para 200.000 produtos. Você, leitor, pode achar estranho porque um produto não essencial vendeu tanto numa época em que as pessoas não poderiam gastar muito dinheiro. Mas a idéia de comprar um brinquedo não muito caro e que podia ser dado para outra pessoa da família ou amigo, era divertido e diminuía o estresse!