ABA (em inglês Applied Behavioral Analysis) é uma ciência baseada na teoria de Skinner onde se acredita que todo comportamento é modificável. Um dos princípios do ABA é o trabalho com reforços positivos. Reforço positivo é o estímulo que o aluno precisa para se sentir motivado a aprender. É claro que um aluno que tem algum tipo de dificuldade vai, conseqüentemente, ter a auto estima baixa não querendo fazer tarefas ou prestar atenção. Com a auto estima sempre flutuante, essas crianças precisam desse empurrão para se manterem focadas na aprendizagem.
O sistema de ficha é um tipo secundário de reforçamento. O que a ficha
é um estímulo neutro que tem pouco significado como ficha em si. Contudo, quando
as fichas são associadas e trocadas pelo reforçamento escolhido pelo aluno, as
fichas podem tornar a aprendizagem muito mais motivadora.
Dinheiro é, provavelmente, a economia de fichas mais conhecida. Não tem
nada motivante em cédulas de papel. Todavia, porque usamos essas cédulas de
papel para comprar comida, entretenimento, acessórios, livro, etc, elas se
tornam extremamente reforçadoras e nos sentimos motivados para trabalhar muito
para obtê-las.
Listados abaixo estão alguns objetivos da economia de fichas:
Aumenta
a demora de entrega do reforço – a economia de ficha é uma
maneira para construir na criança a habilidade de espera para seus reforços
positivos e atividades. Ela consegue (concretamente) ajudar a criança a
entender o quanto ela tem que fazer para chegar a algo realmente divertido!
Aumenta
a noção do tempo – o sistema de fichas ajuda as crianças
que têm pouca noção de tempo. São aquelas que perguntam constantemente quando a
atividade acaba ou se levantam muito da cadeira. Elas passam a compreender e
literalmente a visualizar o quanto tem que esperar ou quanto tempo vão ter que
ficar naquela atividade.
Diminui
a saciação – com o aumento do número de respostas para
obter um reforçador primário ou secundário, o sistema de fichas diminui as
chances da criança ficar satisfeita e saciada por escolher um único tipo de
reforço. Com essa estrategia, ela demora um pouco mais para ter acesso ao que
escolheu.
Aumenta
as chances de aprendizagem – quando se faz a entrega de
reforços em espaços curtos diminui a concentração da criança porque a cada uma
ou duas
respostas é entregue a atividade (ou comida) preferida. Recompensando a
criança com uma ficha é rápido, objetivo e permite intruções mais fluidas.
É
mais natural – em muitas instituições escolares, não é
comum se ver professores andando pelos cantos entregando balas, bolhas de sabão
ou fazendo cosquinhas a cada resposta certa. Usando as fichas atrasa-se a entrega
de reforços mais óbvios tornando o sistema de fichas menos intrusivo para ser
usado dentro da sala.
Aumenta
a seleção de reforços – porque reforços são entregues
depois de um determinado número de respostas, atividades mais longas podem ser
usadas como videos ou músicas. Apenas alguns minutos do video podem dispersar a
criança. Mas se ela gostar muito de um determinado video, talvez esteja
disposta a esperar mais, ou seja, ganhar algumas fichas para enfim ter acesso a
um tempo maior do video.
Um desenho do reforço para qual a criança está trabalhando deve estar visível
durante todo o tempo de trabalho. Isso acontece para continuamente lembrar à
criança que ela está trabalhando para ganhar aquilo que escolheu.. Como são
crianças muito visuais, o sistema em si ajuda a criança a entender e a literalmente
ver o que ela vai ganhar no final.
É claro que para que o sistema se torne eficiente, começa com a entrega
de uma ficha apenas depois de uma resposta certa. Quando a criança entender que
é assim que funciona o sistema, durante uma cuidadosa coleta de dados, aí se
passa para uma ficha a cada duas respostas e assim por diante.
É EXTREMAMENTE importante que se fale uma frase positiva quando a
criança passar a ficha de um canto para outro. Frases do tipo: “Adoro o jeito
que você está sentado!”, “Uhu! Você está
prestando atenção!”. “Fico feliz quando você ouve a tia!”. Com o pareamento das
frases e entrega das fichas, vai facilitar a transição das crianças do token
para apenas o elogio.
COMO FAZER?
Pegue um pedaço de cartolina de
qualquer cor lisa e recorte um retângulo de 20 cm por 15cm. Plastifique.
Faça uma linha horizontal de velcro e cinco ou seis quadradinhos de mais ou
menos 1cm e meio. Cole a linha de velcro
na parte inferior da cartolina e os quadradinhos espaçados de forma igual,
acompanhando o traçado da linha de baixo. Para facilitar a transição na escola
e manter o interesse do aluno, é aconselhável colocar a cartolina numa
prancheta pequena para que o aluno carregue de um lugar para outro.
As fichas podem ser adesivos, figuras de personagem de desenhos
animados preferidos da criança, peças de lego, de quebra-cabeça, botões ou
moedas. O importante é que a criança aprenda que, se ela fizer o que foi
designado para ela, ela irá receber uma ficha. Depois de várias performances
corretas, ela colecionará fichas que poderão ser trocadas por uma atividade ou
comida favorita.
Esse estratégia de ensino usada, muitas vezes, com crianças autistas,
funciona muito bem com aquele aluno que não pára quieto na sala de aula. As
crianças desempenham um comportamento aceitável para acumular as fichas. Com
isso, elas aprendem a se auto-regular esperando um pouco para fazer ou comer
alguma coisa de que eles realmente gostam.
Em vez de escrever tracinhos ou desenhar carinhas no quadro quando a
criança não se comporta em sala, o professor pode usar esse a economia de
fichas. É mais discreto e reforça-se as atitudes corretas em vez das negativas.
Com esse sistema colado na carteira, o aluno aprende a se auto-monitorar, não
chamando muito a atenção das outras crianças. Manter a discrição no caso de um
aluno que gosta de chamar a atenção dos colegas ajuda a re-direcionar o foco daquele
aluno.
Vamos supôr que o aluno gosta de se levantar da cadeira. A professora
prepara um sistema de fichas para reforçar todas as horas que ele se senta na
cadeira. Comece sempre com um intervalo
pequeno, digamos, 2 minutos. Se a criança gosta muito de futebol prepare, por
exemplo, seis bolas de futebol como fichas. Nos primeiros 3 minutos que ele
ficar sentado, ele é instruído a mover uma bola da linha para o quadradinho. É
aconselhável cortar as bolas, plastificá-las e colar velcro atrás de cada
figura. Mantenha as bolas enfileradas na linha de baixo para que o aluno possa
mover as bolas que for ganhando para a linha de cima. Se por acaso o aluno se
movimentar, perde o direito de mover as bolas. Cada vez que ele conseguir mover
as bolas (por ficar 2 minutos sentado na cadeira), o professor deve também
elogiar o esforço: Parabéns, você conseguiu ficar sentado durante 3 minutos,
pode mover uma bola!
EM
POUCAS PALAVRAS...
- É muito importante que o elogio seja feito ao mesmo tempo que a criança move uma “ficha” para a linha de cima. Seja sincero e entusiasta!
- Comece sempre com uma ficha. Avance gradualmente para duas fichas, três, quatro até quantas você achar necessário.
- O repasse das fichas acontece da esquerda para a direita, ajudando na aquisição da pré-escrita.
- Saiba que o sistema de fichas deve ser temporário até que o aluno aprenda a se controlar para deixar o sistema de fichas de lado e continuar se comportando direito reforçado apenas por elogios.
- O aluno aprende a esperar.
- É ótimo para trabalhar alguns pontos matemáticos como: “Quantos adesivos/ moedas faltam?” , “O que acontece quando você passa mais um adesivo/moeda?”, “Quantas moedas você já conseguiu?”
- O aluno não perde interesse na recompensa porque em vez de ter acesso a ela a cada performace de bom comportamento, só a recebe depois de cinco ou seis performances corretas.
Bibliografia consultada
- LOVAAS, O. Teaching Individuals with Developmental Delays - Basic Intervention Techniques, 2000.
- MANTOAN, Maria Teresa Égler; PRIETO, Rosângela Gavioli. Inclusão Escolar: pontos e contrapontos. Summus Editorial: 2006.
- WALLIN, Jason M. – Visual Supports. http://www.polyxo.com/visualsupport/tokeneconomies.html
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