MOTIVAÇÃO É A CHAVE DO MISTÉRIO



Motivação foi uma palavra muito usada nos anos 80 em livros de auto-ajuda e palestras promovidas por empresas que procuravam aumentar o lucro e incentivar seus funcionários.
                Hoje em dia, as escolas foram buscar essa palavra perdida em outra seção da livraria para tentar achar o seu significado dentro da sala de aula.
                O professor deve acrescentar tarefas que sejam prazeirosas ao mesmo tempo que educativas. Usar material concreto como barras de madeira para ensinar matemática, balões de aniversário para ensinar cores, colagem com lã, palitos de picolé, arroz e algodão para aperfeiçoar a coordenação motora fina são alternativas que funcionam.
                Mas como manter o nível de interesse de crianças que não conseguem se concentrar facilmente? Como manter a criança com algum tipo de dificuldade motivada se, muitas vezes, elas demoram mais tempo para executar as tarefas?
                Manter a motivação sempre em alta é condição sine qua non para a aprendizagem. Para isso é importante que o educador elogie o esforço da criança e qualquer tentativa de realização das tarefas.
                Descobrir um brinquedo, uma atividade ou até um lanche que a criança goste pode fazer com que ela se interesse e se esforce. Esse é um dos princípios da Applied Behavioral Analysis (ABA), conhecida no Brasil como Análise Aplicada de Comportamento, teoria baseada em Skinner e nos seus princípios behaviouristas.
De acordo com Coll (2004) et all:

O enfoque behaviourista contribuiu para fazer com que se reconhecesse a possibilidade de gerar aprendizagens em sujeitos que se consideravam pouco ou praticamente incapacitados para aprender; para deslocar o interesse tradicional em aprendizagens tipicamente escolares, pouco significativas e nada funcionais nas pessoas com deficiências graves (...)
(COLL, 2004, p.206)

                Para isso, o educador tem que ter bem definido qual o reforço positivo (ou recompensa) mais desejado pela criança e qual comportamento quer modificar. Por exemplo, vamos considerar uma sala de primeiro ano do Ensino Fundamental onde duas crianças estão com dificuldades em ler vocábulos com o dígrafo “lh”.  O professor prepara jogos com as palavras e atividades extras para que os alunos aprendam. Essa idéia é perfeitamente aceitável. Mas se o educador apresenta para as crianças um planejamento mais flexível, tipo: “Nós vamos fazer três atividades: atividade 1, atividade 2 e depois vamos jogar uma partida daquele dominó que vocês tanto gostam !”, as crianças vão se esforçar um pouco mais para fazer as atividades.
                Para determinar o que motiva o seu aluno, o professor pode perguntar à criança, observá-la durante o recreio ou os amigos da mesma faixa etária. Não deve se esquecer, portanto, de que as preferências de qualquer criança mudam bastante e devem ser reavaliadas mensalmente.
Com a auto estima sempre flutuante, crianças que apresentam algum tipo de dificuldade precisam de um empurrão para se manterem focadas na aprendizagem. Aliás, a auto estima é regulada pela imagem que as outras pessoas fazem dessa criança e da percepção que a criança tem da própria eficiência. A escola tem grande responsabilidade na construção da auto imagem desse aluno. Mas cabe à família manter e reforçar uma imagem positiva, para que a transição entre escola e lar seja feita de forma amena e satisfatória.
                Existem duas maneiras de se trabalhar a motivação:  “capturando”, que significa aproveitar a distração da criança e usar o objeto dispersante para motivá-la; e “criar” motivação, ou seja, contruir um ambiente que possa despertar os interesses da criança. Mas como se pode fazer isso? Veja as dicas abaixo:


  1.   Arrume alguns objetos preferidos de forma que estejam visíveis mas fora do alcance da criança. Por exemplo, coloque o objeto numa prateleira bem alta, ou dentro de um pote transparente (de plástico, de preferência) bem fechado.
  2.  Peça ao aluno que realize uma atividade como pintar, e dê a ele tintas, papel mas não entregue o pincel.
  3.  Envolva o aluno numa atividade física que ele goste, comece a brincadeira e depois pare no meio da ação. Espere para ver se a criança vai pedir para que a brincadeira continue.
  4. Cante quando você manipula um objeto ou brinque com um brinquedo de maneira “exagerada” para que chame a atenção do aluno.
  5.  Introduza brinquedos/jogos novos e atividades diferentes para que o aluno amplie suas opções de interesse.
  6.  Use um horário visual com a atividade que o aluno vai realizar primeiro e a que vai ser feita depois. Inclua a atividade preferida do aluno no final para que ele entenda que duas atividades deverão ser realizadas para ele ter acesso a “recompensa” depois. A visualização da recompensa depois da obrigação reduz a ansiedade e promove o planejamento das atividades. Essa estratégia pode resolver muitos problemas de comportamento dentro de sala.

Vale enfatizar que o educador tem que ter a certeza de que a tarefa pedida está dentro da capacidade do aluno. É essencial explicar que a recompensa só virá quando o trabalho for realizado. A consistência do horário traz segurança e previsibilidade.
                Com um olhar atento e troca de experiências com a família de seu aluno, você será capaz de fazer uma lista com atividades ou brinquedos de que seu aprendente gosta e, com ela, poderá manter a motivação sempre em alta. Com uma voz firme, porém tranqüila, o educador deve também elogiar as tentativas e manter sempre um semblante calmo e nunca intimidador. Crianças são rápidas em descobrir quando um adulto não está sendo sincero em suas palavras!
                Todo professor se sente realizado quando os alunos aprendem. A meta do educador deste século é usar a criatividade para que a criança aprenda feliz e sem bloqueios.

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